Planejar, segundo o
dicionário, corresponde ao “ato ou efeito de prever, antecipar, ou vislumbrar algo que
ainda não aconteceu; preparar; projetar”, é, portanto, um comportamento que acompanhou a evolução das espécies,
onde os organismos que melhor desenvolveram essas habilidades obtiveram sucesso
evolutivo.
Um breve exemplo
são os leões que para desempenharem os comportamentos de caça, proteção e
procriação, estabelecem uma organização onde os machos protegem seu bando, por
um período de até 3 anos, enquanto acasalam e procriam até serem expulsos por
outros machos e o ciclo voltar a se repetir, uma vez que a função de
sobrevivência da espécie é mantida.
Compreender os determinantes do comportamento torna-se útil, pois possibilita especificar
as condições nas quais um determinado comportamento passou a ser apresentado,
além de sua função em determinada situação e consequências para o organismo,
esse processo pode ser identificado a partir da análise funcional.
Todo
comportamento é, na abordagem da Análise do Comportamento e na filosofia
do Behaviorismo Radical, conforme seu precursor Burrhus
Frederic Skinner (1904-1990), selecionado em três níveis: o filogenético, o ontogenético
e o cultural.
A
filogênese diz respeito à história evolutiva das espécies que
contribuem para a sobrevivência dos organismos a partir dos primeiros contatos
com o meio. Já a ontogênese refere-se à determinação dos comportamentos
aprendidos ao longo do seu ciclo de vida. E a cultura é representada pelos padrões
de condutas, milenares e transitórios, culturalmente estabelecidos no ambiente
que o sujeito interage.
Analisar funcionalmente o comportamento de planejar nos leva a compreender que
todo comportamento precede estímulos presentes no ambiente, denominado
contexto, e seguido de uma consequência que influenciará na frequência de sua
ocorrência futura. As consequências imediatas tem maior peso no comportamento
de escolha, dessa forma, planejar grandes objetivos torna-se muito mais
difícil, pois exige considerar os reforços a longo prazo, e estabelecer
estratégias no ambiente para o seu alcance.
Por sua efetividade, quanto à
discriminação de variáveis presentes em cada ambiente, e o estabelecimento de
objetivos e metas para o alcance de resultados, a análise funcional representa uma
valiosa ferramenta a ser inserida no planejamento estratégico, por contribuir
com a programação de comportamentos que favorecem para o melhor desempenho na
vida pessoal e profissional.
Em todas as
profissões o planejamento acaba sendo utilizado: o professor para ministrar uma
aula, o arquiteto para projetar uma casa, o ator para apresentar uma peça, o músico
para um conserto, e assim por diante. As consequências oriundas destes esforços
são predominantemente imediatas, sendo comum visualizar apenas seu produto final
e negligenciar seus processos de planejamento.
O Planejamento Estratégico
(PE) é uma ferramenta predominantemente usada pela administração, que contribui
para o norteamento de práticas e tomadas de decisões dos dirigentes a partir de
uma análise macro e micro do ambiente empresarial, que compreende o nível
estratégico, tático e operacional.
Planejar estrategicamente
exige a capacidade de analisar funcionalmente os comportamentos dentro da relação
entre eventos (contexto-comportamento-consequência), compreendendo que o
comportamento será selecionado por suas consequências, independente que seus objetivos
sejam: passar num concurso, estruturar um negócio, comprar um imóvel ou até mesmo
casar.
Planejamento e ação são
recomendados para todas as pessoas que aspiram ter grandes resultados, todos
estes frutos de um plantio, por vezes, árduo e repleto de renúncias de
consequências reforçadoras imediatas. Dessa maneira, planejar para agir é o
melhor caminho para uma vida com resultados.
Dulce Marques
CRP-15/3714
Psicóloga Clínica Comportamental
& Consultora Organizacional
dulcemarques.ac@gmail.com
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